quinta-feira, 9 de outubro de 2014

PROJETOS DE APRENDIZAGEM COLABORATIVA NUM PARADIGMA EMERGENTE



Ler é  a arte de adquirir conhecimento. Então, que tal ler este texto e comentar o que você entendeu?
 
Texto de Marilda Aparecida Behrens

As perspectivas para o Séc. XXI indicam a educação como pilar para alicerçar os ideais de justiça, paz, solidariedade e liberdade.  As transformações pelas quais o mundo vem passando são reais e irreversíveis.
O advento da sociedade do conhecimento e a globalização afetam a sociedade.  Essas mudanças  levam a ponderar  sobre uma educação planetária, mundial e globalizante.  O contexto de globalização torna as nações mais interdependentes e inter-relacionadas e, ao mesmo tempo mais dependentes de uma estrutura econômica neoliberal.
O advento da economia globalizada e a forte influência dos avanços dos meios de comunicação e da informática aliados à mudança de paradigma da ciência não comportam um ensino conservador repetitivo e acrítico nas universidades.
A produção do saber nas áreas do conhecimento leva o professor e o aluno a buscar processos de investigação e pesquisa.  O aluno precisa ser menos passivo e tornar-se criativo, crítico, pesquisador e atuante. O professor precisa agir com critério e com  visão transformadora.

A era digital e a  aprendizagem colaborativa
O desafio imposto aos docentes é mudar o eixo do ensinar para os caminhos que levam a aprender.
Segundo Pierre Lévy (1993) o conhecimento poderia ser apresentado de três formas diferentes: a oral, a escrita e a digital.
A digital não descarta todo o caminho feito pela linguagem oral e escrita.
A abertura de novos horizontes mais aproximados da realidade contemporânea, e das exigências da sociedade depende de uma reflexão crítica do papel da informática  na aprendizagem e benefícios que a era digital pode trazer para o aluno como cidadão, tornando-os transformadores e produtores de conhecimento.
O desafio do professor ao propor sua ação docente será levar em consideração e contemplar as oito inteligências denominadas por Gardner (1994) como espacial; interpessoal, intrapessoal, cinestésico-corporal, lingüística ou verbal, lógico-matemática, musical e naturalista.  Além do desenvolvimento das inteligências múltiplas é fundamental desenvolver a inteligência emocional (Goleman 1996) para desencadear a formação do cidadão.
Na era das Relações (Moraes 1997) cabe aos gestores e professores derrubar barreiras que segregam o espaço e a criatividade dos professores e dos alunos.
A aprendizagem precisa ser significativa, desafiadora, problematizadora e instigante para mobilizar o aluno e  o grupo a buscar soluções aos problemas.  A relação professor/aluno na aprendizagem colaborativa contempla a interdependência dos seres humanos.

Quatro pilares da aprendizagem colaborativa
O “Relatório para a Unesco da Comissão Internacional sobre Educação para o Séc. XXI”, coordenada por Jacques Delors (1998) aponta a necessidade de uma educação continuada.  A aprendizagem ao longo da vida,  assentada em quatro pilares:
- Aprender a conhecer.
- Aprender a fazer.
- Aprender a viver juntos.
- Aprender a ser.

Aprender a conhecer - Este tipo de aprendizagem visa não um repertório de saberes mas o domínio dos próprios instrumentos do conhecimento.  Compreender o mundo que o rodeia para viver dignamente e desenvolver  suas capacidades.  Com essa visão enfatiza-se ter prazer em descobrir, em  investigar,  em ter curiosidade, em construir o conhecimento.
Segundo Gadotti aprender a conhecer implica ter prazer de compreender, descobrir, construir e reconstruir o conhecimento.
O aluno precisa ser instigado a buscar  o conhecimento, a  ter prazer em conhecer, a aprender a pensar, elaborar as informações para aplicá-la à realidade.
Como segundo pilar Delors apresenta  o “aprender a fazer” -  aprendizagem associada ao aprender a conhecer.
Aliando aprender a conhecer e aprender a fazer, o professor precisa superar a dicotomia teórica e pratica, estas devem caminhar juntas.
Todos os seres vivos interagem e são interdependentes uns dos outros.  Buscar a superação das verdades absolutas e inquestionáveis, do positivismo, da racionalidade e do pensamento convergente.
“A natureza não são blocos isolados, mas uma complexa teia de relações entre as várias partes de um todo unificado”  (Capra). Visão na qual o mundo é um complicado  tecido de eventos, que se interconectam e se combinam, determinando o todo.
A escola precisa ensinar os alunos a refletir sobre a realidade para que possam administrar conflitos, pensamentos divergentes e respeitar a opinião dos outros; “aprender a  viver juntos”
O quarto pilar apresentado refere-se ao “aprender a ser”.   Delors recomenda “A educação deve contribuir para o desenvolvimento completo da pessoa;  espírito e corpo, inteligência, sensibilidade, sentido estético, responsabilidade pessoal, espiritualidade”.  Visão que tenta superar a desumanização do mundo, dando ao homem liberdade de pensamento e responsabilidade sobre seus atos.

Paradigma emergente na prática pedagógica
Paradigma emergente é um paradigma inovador que venha atender aos pressupostos necessários às exigências da sociedade do conhecimento.  Caracterizar um paradigma emergente não é tarefa de fácil resposta, mas o que se pode garantir é que o paradigma inovador engloba diferentes pressupostos de novas teorias.  Por exemplo, Moraes (1997) denomina paradigma emergente a aliança entre as abordagens vistas construtivas, interacionista, sócio-cultural e transcendente, onde o ponto de encontro entre os autores a busca da visão da totalidade, o enfoque da aprendizagem e o desafio de superação da reprodução para a produção do conhecimento.
Behrens(1999) acredita na necessidade de desencadear uma aliança de abordagem pedagógica, formando uma teia, da visão holística:

1) O ensino com pesquisa – Onde professor e aluno tornam-se pesquisadores e produtores dos seus próprios conhecimentos.
2) A abordagem progressiva.  Instiga o diálogo e a discussão coletiva.
3) A visão holística ou sistêmica – busca a superação da fragmentação do conhecimento.
A aliança,  a partir das três abordagens, permite uma prática pedagógica competente e que dê conta dos desafios da sociedade moderna.

Paradigma emergente numa aliança de abordagem  pedagógica
Behrens defende o paradigma emergente, uma aliança entre os pressupostos da visão holística, da abordagem progressiva  e do ensino com pesquisa instrumentalizada.
O ensino com pesquisa, proposto por Paoli(1998) por Demo (1991) e por Cunha (1996) defende uma aprendizagem baseada na pesquisa para a produção de conhecimento, superando a reprodução, a cópia e a imitação do pensamento  newtoniano - cartesiano

a- O ensino com pesquisa  necessita de um professor que perceba o aluno como um parceiro.  Segundo Demo, ensinar  pela pesquisa apresenta fases,  progressivas desde a interpretação reprodutiva, até a criação e descoberta.  O ensino com pesquisa leva a acessar, analisar e produzir conhecimentos.
b- A abordagem progressiva busca a transformação social.  Os professores progressistas promovem processos de mudança, manifestando-se contra as injustiças sociais, atitudes antiéticas, injustiças políticas e econômicas.
c- A visão holística caracteriza a prática pedagógica num paradigma emergente aliada ao ensino com pesquisa e à abordagem progressiva.  A proposta da visão holística  propõe uma sociedade com indivíduos que se pautam nos princípios éticos da dignidade humana, da paz, da justiça, do respeito da solidariedade e da defesa do meio ambiente.  Conhecer o universo como um todo, que leva a interconectividade e inter-relações entre os sistemas vivos.

Tecnologia como ferramenta para aprendizagem colaborativa
A tecnologia da informação, pode ajudar a tornar mais acessíveis as políticas educacionais dos países, os projetos pedagógicos em todos os níveis, projetos de aprendizagem, metodologia de ensino.
- A  exercitação oferece treinamento de certas habilidades.
- Os programas tutoriais – blocos de informação pedagogicamente organizados como se fosse um livro animado em vídeo.
- Os aplicativos: programas voltados para funções específicas como planilhas eletrônicas, processadores de textos e gerenciadores de bancos de dados.
- Programas de autoria eextensão avançada das linguagens de programação, permitem que qualquer pessoa crie seus próprios programas, sem que possuam conhecimentos  avançados de programação.
- Jogos opção com finalidade de lazer.
- Simulações – programas que possibilitam a interação com situações complexas. Ex: Simuladores de vôo.
O  computador é ferramenta auxiliar no processo de “aprender a aprender”.

Tecnologia da informação e o avanço dos procedimentos
Baseada na proposta de Chikering e Ehrmanm (1999) a tecnologia da informação pode contribuir para:

1- Encorajar contato entre estudantes e universidades.
2- Encorajar cooperação entre estudantes.
3- Encorajar aprendizagem colaborativa.
4- Dar retorno e respostas imediatas.
5- Enfatizar tempo para as tarefas.
6- Comunicar altas expectativas.
7- Respeitar talentos e modos de aprender diferente.

O cyberspace é uma rede que torna todos os computadores participantes e seus conteúdos acessíveis aos usuários de qualquer computador ligado a essa rede.  Possibilitando, via Internet, o acesso a bibliotecas do mundo inteiro, por exemplo:  numa viagem virtual.

O paradigma emergente e a aprendizagem colaborativa baseada em projetos
Os projetos de aprendizagem colaborativos levam em consideração as aptidões e competências que o professor pretende desenvolver com seus alunos, cuja finalidade é tornar os alunos aptos a atuar como profissionais em suas áreas de conhecimento.  O professor deve apropriar-se de referências utilizadas  na sala de aula e fora dela.
Projetos de aprendizagem colaborativa num paradigma emergente
A aprendizagem baseada em projetos necessita de um ensino que provoque ações colaborativas num paradigma emergente instrumentalizado pela tecnologia inovadora.  Deve-se contemplar a produção do conhecimento dos alunos e do próprio professor.
Fases do projeto de aprendizagem colaborativa
1ª fase             - Apresentação e discussão do projeto
2ª fase             - Problematização do tema
3ª fase             - Contextualização
4ª fase             - Aulas teóricas exploratórias
5ª fase             - Pesquisa individual
6ª fase             - Produção individual
7ª fase             - Discussão coletiva, crítica e reflexiva
8ª fase             - Produção, coletiva
9ª fase             - Produção final
10ª fase  - Avaliação coletiva do projeto

1ª fase - Apresentação e discussão do projeto
Discutir com os alunos cada fase do projeto de aprendizagem, valorizando as contribuições dos alunos.
2ª fase - Problematização do tema
Fase essencial do projeto de aprendizagem.  Refletir sobre os problemas relacionados ao tema, levando os alunos a buscar referenciais que venham contribuir com a construção de algumas soluções.
3ª fase – Contextualização
Incita a visão holística do projeto.  O professor precisa ficar atento para que na contextualização estejam presentes dados da realidade, aspectos sociais e históricos, econômicos e outros referentes à problemática levantada.
4ª fase - Aulas teóricas exploratórias
O professor apresenta a temática e os conhecimentos básicos as aulas expositivas precisam contemplar os temas, os conteúdos e as informações levando o aluno a perceber quais são os assunto pertinentes a  problematização  levantada.
5ª fase - Pesquisa individual
O aluno de posse desses conhecimentos precisa buscar, acessar, investigar as informações que possam solucionar as problematizações levantadas.
6ª fase - Produção individual
Propor a composição de um texto próprio construído com  base na pesquisa elaborada pelo aluno e no material disponibilizado pelo grupo.  Tarefa que pode ser realizada em sala de aula ou fora dela.
7ª fase - Discussão coletiva, crítica e reflexiva
Acontece quando o professor desenvolve os textos produzidos individualmente e provoca a discussão sobre os dados levantados.  Nesse momento os alunos estão mais preparados para discutir avanços e suas dificuldades, suas dúvidas.
8ª fase - Produção, coletiva
Revela a possibilidade de aprender a trabalhar em parceria; produzir um texto coletivo partindo das produções individuais.
9ª fase - Produção final
É a fase que propicia o espaço para criar, para buscar um salto maior que os registrados.  Fase que os alunos irão apresentar a produção já finalizada.
10ª fase - Avaliação coletiva do projeto
O professor deve instigar a avaliação de cada fase do projeto.  A avaliação perante realinhar alguma fase ou atividades propostas no desencadear do projeto de aprendizagem.

Aprendizagem para a sociedade do conhecimento:
A busca das competências e da autonomia.
Os projetos de aprendizagem possibilitam a produção do conhecimento significativo.  Os alunos no processo de parceria têm a oportunidade de desenvolver competências, habilidades e aptidões que serão úteis a vida toda; focalizando o aluno como sujeito crítico e reflexivo no processo de “aprender a aprender”.

Mediação pedagógica e o uso da tecnologia

Introdução  A discussão que envolve a analise do uso da tecnologia como mediação pedagógica, pressupõem alguns fatos que envolvem a questão do emprego de tecnologia no processo de aprendizagem.
1- Em educação escolar, não se valorizou a tecnologia adequadamente visando a maior eficácia do ensino-aprendizagem.  O professor é  formado para valorizar conteúdos e ensinamentos acima de tudo, e privilegiar a técnica  de aula expositiva para transmitir os ensinamentos.
No ensino superior brasileiro, essa concepção se mantém até hoje valorizando a transmissão de informação, experiência, técnicas pesquisas de  um profissional para formação de outros.
Vê-se uma desvalorização da tecnologia em educação, no entanto há  questões tecnológicas que interessam ao processo aprendizagem.
2- Dois fatos novos trazem a tona a discussão sobre a mediação pedagógica e o uso da tecnologia., o surgimento da informática e da telematica porque proporciona a oportunidade de entrar em contato com as mais recentes informações, pesquisas e produção cientificas do mundo em todas as áreas.
Desenvolvem-se os processos de aprendizagem a distancia.

Tecnologia e processo de aprendizagem
A tecnologia apresenta-se como meio para colaborar no processo de aprendizagem.  Ela tem sua importância apenas como um instrumento para favorecer a aprendizagem de alguém.  Não é a tecnologia que vai resolver o problema educacional do Brasil.  Poderá colaborar  se for usada adequadamente.
O conceito de ensinar esta  mais ligado ao professor que transmite conhecimentos e experiências ao aluno.  O conceito de aprender está diretamente ligado ao aluno que produz reflexões e conhecimentos próprios, pesquisa, dialogo, debate, mudança de comportamento.  Numa palavra o aprendiz cresce e desenvolve-se, o professor fica como mediador entre o aluno e sua aprendizagem.  O aluno assume o papel de aprendiz ativo e participante que o leva a aprender e a mudar seu comportamento.

Tecnologia e mediação pedagógica
Como fazer para que o uso da tecnologia em educação, principalmente nos cursos universitários de graduação  , possa desenvolver uma mediação pedagógica.
- O que entendemos por mediação pedagógica?
Por mediação pedagógica, entendemos a atitude e o comportamento do professor que se coloca como um facilitador, incentivando ou motivador da aprendizagem.

Mediação pedagógica em técnicas convencionais
A mediação pedagógica pode estar presente tanto nas estratégias convencionais como nas novas tecnologias

- Por técnicas convencionais identificamos aquelas que já existem há muito tempo, importantes para a aprendizagem presencial.  Seu uso não tem sido muito freqüente talvez porque os professores não as conhecem, ou por não dominarem sua pratica. Mas para muitos professores é uma forma de dinamizar as aulas .
- Novas tecnologias são aquelas que estão vinculadas ao uso do computador, a informática, a telematica e a educação a distancia.
- As técnicas convencionais, em geral são usadas para iniciar um curso, despertar um grupo, para que os membros do grupo se conheçam em um clima descontraído.  Essas técnicas  ajudam a expressar expectativas ou problemas que afetam o clima entre eles ou o desempenho de cada um.
- Num segundo grupo as técnicas que permitem que os aprendizes se desenvolvem em situações simuladas.  Ex. dramatizações, jogos dramáticos, jogos de empresa, estudos de caso, apresentando estratégias de situações da realidade.
São técnicas  eu desenvolvem a capacidade de analisar problemas e achar soluções, preparando para enfrentar situações reais e complexas.
- Um terceiro grupo de técnicas coloca o aprendiz em contato com situações reais.  Ex. Estágios, excursões, aulas praticas visita a obras, industrias, escolas enfim em locais próprios  das atividades profissionais. É altamente motivador para a aprendizagem.  Ajuda  a dar  significado para as teorias.

Mediação pedagógica e as novas tecnologias
Por novas tecnologias em educação, entende-se o uso da informática, do computador, da Internet CD-ROM, da hipermidia, da multimídia, educação a distancia, chats, listas de discussão, correio eletrônico e de outros recursos e linguagens digitais que podem colaborar para tornar a aprendizagem mais eficaz, cooperam para o desenvolvimento da educação em sua forma presencial (fisicamente) pois dinamizam as aulas.  Cooperam
Tecnologia, avaliação e mediação pedagógica
A avaliação tem que ser um processo motivador da aprendizagem
Tecnologia como ferramenta para aprendizagem colaborativa









Nenhum comentário:

Postar um comentário