Ler é a arte de adquirir conhecimento. Então, que tal ler este texto e comentar o que você entendeu?
Texto de Marilda
Aparecida Behrens
As perspectivas para o Séc.
XXI indicam a educação como pilar para alicerçar os ideais de justiça, paz,
solidariedade e liberdade. As
transformações pelas quais o mundo vem passando são reais e irreversíveis.
O advento da sociedade do
conhecimento e a globalização afetam a sociedade. Essas mudanças levam a ponderar sobre uma educação planetária, mundial e
globalizante. O contexto de globalização
torna as nações mais interdependentes e inter-relacionadas e, ao mesmo tempo
mais dependentes de uma estrutura econômica neoliberal.
O advento da economia
globalizada e a forte influência dos avanços dos meios de comunicação e da
informática aliados à mudança de paradigma da ciência não comportam um ensino
conservador repetitivo e acrítico nas universidades.
A produção do saber nas
áreas do conhecimento leva o professor e o aluno a buscar processos de
investigação e pesquisa. O aluno precisa
ser menos passivo e tornar-se criativo, crítico, pesquisador e atuante. O
professor precisa agir com critério e com
visão transformadora.
A era digital e a
aprendizagem colaborativa
O desafio imposto aos
docentes é mudar o eixo do ensinar para os caminhos que levam a aprender.
Segundo Pierre Lévy (1993) o
conhecimento poderia ser apresentado de três formas diferentes: a oral, a
escrita e a digital.
A digital não descarta todo
o caminho feito pela linguagem oral e escrita.
A abertura de novos
horizontes mais aproximados da realidade contemporânea, e das exigências da
sociedade depende de uma reflexão crítica do papel da informática na aprendizagem e benefícios que a era
digital pode trazer para o aluno como cidadão, tornando-os transformadores e
produtores de conhecimento.
O desafio do professor ao
propor sua ação docente será levar em consideração e contemplar as oito
inteligências denominadas por Gardner (1994) como espacial; interpessoal,
intrapessoal, cinestésico-corporal, lingüística ou verbal, lógico-matemática,
musical e naturalista. Além do
desenvolvimento das inteligências múltiplas é fundamental desenvolver a
inteligência emocional (Goleman 1996) para desencadear a formação do cidadão.
Na era das Relações (Moraes
1997) cabe aos gestores e professores derrubar barreiras que segregam o espaço
e a criatividade dos professores e dos alunos.
A aprendizagem precisa ser
significativa, desafiadora, problematizadora e instigante para mobilizar o
aluno e o grupo a buscar soluções aos
problemas. A relação professor/aluno na
aprendizagem colaborativa contempla a interdependência dos seres humanos.
Quatro
pilares da aprendizagem colaborativa
O “Relatório para a Unesco
da Comissão Internacional sobre Educação para o Séc. XXI”, coordenada por
Jacques Delors (1998) aponta a necessidade de uma educação continuada. A aprendizagem ao longo da vida, assentada em quatro pilares:
- Aprender a conhecer.
- Aprender a fazer.
- Aprender a viver juntos.
- Aprender a ser.
Aprender a conhecer - Este tipo de aprendizagem visa não um repertório de saberes mas o
domínio dos próprios instrumentos do conhecimento. Compreender o mundo que o rodeia para viver
dignamente e desenvolver suas
capacidades. Com essa visão enfatiza-se
ter prazer em descobrir, em
investigar, em ter curiosidade,
em construir o conhecimento.
Segundo Gadotti aprender a
conhecer implica ter prazer de compreender, descobrir, construir e reconstruir
o conhecimento.
O aluno precisa ser
instigado a buscar o conhecimento,
a ter prazer em conhecer, a aprender a
pensar, elaborar as informações para aplicá-la à realidade.
Como segundo pilar Delors
apresenta o “aprender a fazer” -
aprendizagem associada ao aprender a conhecer.
Aliando aprender a conhecer
e aprender a fazer, o professor precisa superar a dicotomia teórica e pratica,
estas devem caminhar juntas.
Todos os seres vivos
interagem e são interdependentes uns dos outros. Buscar a superação das verdades absolutas e
inquestionáveis, do positivismo, da racionalidade e do pensamento convergente.
“A natureza não são blocos
isolados, mas uma complexa teia de relações entre as várias partes de um todo
unificado” (Capra). Visão na qual o
mundo é um complicado tecido de eventos,
que se interconectam e se combinam, determinando o todo.
A escola precisa ensinar os
alunos a refletir sobre a realidade para que possam administrar conflitos,
pensamentos divergentes e respeitar a opinião dos outros; “aprender a viver juntos”
O quarto pilar apresentado
refere-se ao “aprender a ser”. Delors recomenda “A educação deve contribuir
para o desenvolvimento completo da pessoa;
espírito e corpo, inteligência, sensibilidade, sentido estético,
responsabilidade pessoal, espiritualidade”.
Visão que tenta superar a desumanização do mundo, dando ao homem
liberdade de pensamento e responsabilidade sobre seus atos.
Paradigma emergente na prática pedagógica
Paradigma emergente é um
paradigma inovador que venha atender aos pressupostos necessários às exigências
da sociedade do conhecimento.
Caracterizar um paradigma emergente não é tarefa de fácil resposta, mas
o que se pode garantir é que o paradigma inovador engloba diferentes
pressupostos de novas teorias. Por
exemplo, Moraes (1997) denomina paradigma emergente a aliança entre as abordagens
vistas construtivas, interacionista, sócio-cultural e transcendente, onde o
ponto de encontro entre os autores a busca da visão da totalidade, o enfoque da
aprendizagem e o desafio de superação da reprodução para a produção do
conhecimento.
Behrens(1999) acredita na
necessidade de desencadear uma aliança de abordagem pedagógica, formando uma
teia, da visão holística:
1) O ensino com pesquisa –
Onde professor e aluno tornam-se pesquisadores e produtores dos seus próprios
conhecimentos.
2) A abordagem
progressiva. Instiga o diálogo e a
discussão coletiva.
3) A visão holística ou
sistêmica – busca a superação da fragmentação do conhecimento.
A aliança, a partir das três abordagens, permite uma
prática pedagógica competente e que dê conta dos desafios da sociedade moderna.
Paradigma
emergente numa aliança de abordagem
pedagógica
Behrens defende o paradigma
emergente, uma aliança entre os pressupostos da visão holística, da abordagem
progressiva e do ensino com pesquisa
instrumentalizada.
O ensino com pesquisa,
proposto por Paoli(1998) por Demo (1991) e por Cunha (1996) defende uma
aprendizagem baseada na pesquisa para a produção de conhecimento, superando a
reprodução, a cópia e a imitação do pensamento
newtoniano - cartesiano
a- O ensino com pesquisa necessita de um professor que perceba o aluno
como um parceiro. Segundo Demo,
ensinar pela pesquisa apresenta fases, progressivas desde a interpretação
reprodutiva, até a criação e descoberta.
O ensino com pesquisa leva a acessar, analisar e produzir conhecimentos.
b- A abordagem progressiva
busca a transformação social. Os
professores progressistas promovem processos de mudança, manifestando-se contra
as injustiças sociais, atitudes antiéticas, injustiças políticas e econômicas.
c- A visão holística
caracteriza a prática pedagógica num paradigma emergente aliada ao ensino com
pesquisa e à abordagem progressiva. A
proposta da visão holística propõe uma
sociedade com indivíduos que se pautam nos princípios éticos da dignidade
humana, da paz, da justiça, do respeito da solidariedade e da defesa do meio
ambiente. Conhecer o universo como um
todo, que leva a interconectividade e inter-relações entre os sistemas vivos.
Tecnologia
como ferramenta para aprendizagem colaborativa
A tecnologia da informação,
pode ajudar a tornar mais acessíveis as políticas educacionais dos países, os
projetos pedagógicos em todos os níveis, projetos de aprendizagem, metodologia
de ensino.
- A exercitação oferece treinamento de
certas habilidades.
- Os programas tutoriais
– blocos de informação pedagogicamente organizados como se fosse um livro
animado em vídeo.
- Os aplicativos:
programas voltados para funções específicas como planilhas eletrônicas,
processadores de textos e gerenciadores de bancos de dados.
- Programas de autoria
eextensão avançada das linguagens de programação, permitem que qualquer pessoa
crie seus próprios programas, sem que possuam conhecimentos avançados de programação.
- Jogos opção com finalidade
de lazer.
- Simulações – programas que
possibilitam a interação com situações complexas. Ex: Simuladores de vôo.
O computador é ferramenta auxiliar no
processo de “aprender a aprender”.
Tecnologia da informação e o avanço dos
procedimentos
Baseada na proposta de
Chikering e Ehrmanm (1999) a tecnologia da informação pode contribuir para:
1- Encorajar contato entre
estudantes e universidades.
2- Encorajar cooperação
entre estudantes.
3- Encorajar aprendizagem
colaborativa.
4- Dar retorno e respostas
imediatas.
5- Enfatizar tempo para as
tarefas.
6- Comunicar altas
expectativas.
7- Respeitar talentos e
modos de aprender diferente.
O cyberspace é uma rede que
torna todos os computadores participantes e seus conteúdos acessíveis aos
usuários de qualquer computador ligado a essa rede. Possibilitando, via Internet, o acesso a
bibliotecas do mundo inteiro, por exemplo:
numa viagem virtual.
O paradigma emergente e a aprendizagem colaborativa
baseada em projetos
Os projetos de aprendizagem
colaborativos levam em consideração as aptidões e competências que o professor
pretende desenvolver com seus alunos, cuja finalidade é tornar os alunos aptos
a atuar como profissionais em suas áreas de conhecimento. O professor deve apropriar-se de referências
utilizadas na sala de aula e fora dela.
Projetos de aprendizagem colaborativa num paradigma
emergente
A aprendizagem baseada em
projetos necessita de um ensino que provoque ações colaborativas num paradigma
emergente instrumentalizado pela tecnologia inovadora. Deve-se contemplar a produção do conhecimento
dos alunos e do próprio professor.
Fases do projeto de aprendizagem colaborativa
1ª fase - Apresentação e
discussão do projeto
2ª fase - Problematização do
tema
3ª fase - Contextualização
4ª fase - Aulas teóricas
exploratórias
5ª fase - Pesquisa individual
6ª fase - Produção individual
7ª fase - Discussão coletiva,
crítica e reflexiva
8ª fase - Produção, coletiva
9ª fase - Produção final
10ª fase - Avaliação coletiva do projeto
1ª fase - Apresentação e discussão do projeto
Discutir com os alunos cada
fase do projeto de aprendizagem, valorizando as contribuições dos alunos.
2ª fase - Problematização do tema
Fase essencial do projeto de
aprendizagem. Refletir sobre os
problemas relacionados ao tema, levando os alunos a buscar referenciais que
venham contribuir com a construção de algumas soluções.
3ª fase – Contextualização
Incita a visão holística do
projeto. O professor precisa ficar
atento para que na contextualização estejam presentes dados da realidade,
aspectos sociais e históricos, econômicos e outros referentes à problemática
levantada.
4ª fase - Aulas teóricas exploratórias
O professor apresenta a
temática e os conhecimentos básicos as aulas expositivas precisam contemplar os
temas, os conteúdos e as informações levando o aluno a perceber quais são os
assunto pertinentes a
problematização levantada.
5ª fase - Pesquisa individual
O aluno de posse desses
conhecimentos precisa buscar, acessar, investigar as informações que possam
solucionar as problematizações levantadas.
6ª fase - Produção individual
Propor a composição de um
texto próprio construído com base na
pesquisa elaborada pelo aluno e no material disponibilizado pelo grupo. Tarefa que pode ser realizada em sala de aula
ou fora dela.
7ª fase - Discussão coletiva, crítica e reflexiva
Acontece quando o professor
desenvolve os textos produzidos individualmente e provoca a discussão sobre os
dados levantados. Nesse momento os
alunos estão mais preparados para discutir avanços e suas dificuldades, suas
dúvidas.
8ª fase - Produção, coletiva
Revela a possibilidade de
aprender a trabalhar em parceria; produzir um texto coletivo partindo das
produções individuais.
9ª fase - Produção final
É a fase que propicia o
espaço para criar, para buscar um salto maior que os registrados. Fase que os alunos irão apresentar a produção
já finalizada.
10ª fase - Avaliação coletiva do projeto
O professor deve instigar a
avaliação de cada fase do projeto. A
avaliação perante realinhar alguma fase ou atividades propostas no desencadear
do projeto de aprendizagem.
Aprendizagem para a sociedade do conhecimento:
A busca das competências e da autonomia.
Os projetos de aprendizagem
possibilitam a produção do conhecimento significativo. Os alunos no processo de parceria têm a
oportunidade de desenvolver competências, habilidades e aptidões que serão
úteis a vida toda; focalizando o aluno como sujeito crítico e reflexivo no
processo de “aprender a aprender”.
Mediação pedagógica e o uso da tecnologia
Introdução A
discussão que envolve a analise do uso da tecnologia como mediação pedagógica,
pressupõem alguns fatos que envolvem a questão do emprego de tecnologia no
processo de aprendizagem.
1- Em educação escolar, não
se valorizou a tecnologia adequadamente visando a maior eficácia do
ensino-aprendizagem. O professor é formado para valorizar conteúdos e
ensinamentos acima de tudo, e privilegiar a técnica de aula expositiva para transmitir os
ensinamentos.
No ensino superior
brasileiro, essa concepção se mantém até hoje valorizando a transmissão de
informação, experiência, técnicas pesquisas de
um profissional para formação de outros.
Vê-se uma desvalorização da
tecnologia em educação, no entanto há
questões tecnológicas que interessam ao processo aprendizagem.
2- Dois fatos novos trazem a
tona a discussão sobre a mediação pedagógica e o uso da tecnologia., o
surgimento da informática e da telematica porque proporciona a oportunidade de
entrar em contato com as mais recentes informações, pesquisas e produção
cientificas do mundo em todas as áreas.
Desenvolvem-se os processos
de aprendizagem a distancia.
Tecnologia e processo de aprendizagem
A tecnologia apresenta-se
como meio para colaborar no processo de aprendizagem. Ela tem sua importância apenas como um
instrumento para favorecer a aprendizagem de alguém. Não é a tecnologia que vai resolver
o problema educacional do Brasil.
Poderá colaborar se for usada
adequadamente.
O conceito de ensinar
esta mais ligado ao professor que
transmite conhecimentos e experiências ao aluno. O conceito de aprender está diretamente ligado
ao aluno que produz reflexões e conhecimentos próprios, pesquisa, dialogo,
debate, mudança de comportamento. Numa
palavra o aprendiz cresce e desenvolve-se, o professor fica como mediador entre
o aluno e sua aprendizagem. O aluno
assume o papel de aprendiz ativo e participante que o leva a aprender e a mudar
seu comportamento.
Tecnologia e mediação pedagógica
Como fazer para que o uso da
tecnologia em educação, principalmente nos cursos universitários de
graduação , possa desenvolver uma
mediação pedagógica.
- O que entendemos por mediação pedagógica?
Por mediação pedagógica,
entendemos a atitude e o comportamento do professor que se coloca como um
facilitador, incentivando ou motivador da aprendizagem.
Mediação pedagógica em técnicas convencionais
A mediação pedagógica pode
estar presente tanto nas estratégias convencionais
como nas novas tecnologias
- Por técnicas convencionais
identificamos aquelas que já existem há muito tempo, importantes para a
aprendizagem presencial. Seu uso não tem
sido muito freqüente talvez porque os professores não as conhecem, ou por não
dominarem sua pratica. Mas para muitos professores é uma forma de dinamizar as
aulas .
- Novas tecnologias são
aquelas que estão vinculadas ao uso do computador, a informática, a telematica
e a educação a distancia.
- As técnicas convencionais,
em geral são usadas para iniciar um curso, despertar um grupo, para que os
membros do grupo se conheçam em um clima descontraído. Essas técnicas ajudam a expressar expectativas ou problemas
que afetam o clima entre eles ou o desempenho de cada um.
- Num segundo grupo as
técnicas que permitem que os aprendizes se desenvolvem em situações
simuladas. Ex. dramatizações, jogos
dramáticos, jogos de empresa, estudos de caso, apresentando estratégias de
situações da realidade.
São técnicas eu desenvolvem a capacidade de analisar
problemas e achar soluções, preparando para enfrentar situações reais e
complexas.
- Um terceiro grupo de
técnicas coloca o aprendiz em contato com situações reais. Ex. Estágios, excursões, aulas praticas
visita a obras, industrias, escolas enfim em locais próprios das atividades profissionais. É altamente
motivador para a aprendizagem. Ajuda a dar
significado para as teorias.
Mediação pedagógica e as novas tecnologias
Por novas tecnologias em
educação, entende-se o uso da informática, do computador, da Internet CD-ROM,
da hipermidia, da multimídia, educação a distancia, chats, listas de discussão,
correio eletrônico e de outros recursos e linguagens digitais que podem colaborar
para tornar a aprendizagem mais eficaz, cooperam para o desenvolvimento da
educação em sua forma presencial (fisicamente) pois dinamizam as aulas. Cooperam
Tecnologia, avaliação e mediação pedagógica
A avaliação tem que ser um processo motivador da
aprendizagem
Tecnologia como ferramenta para aprendizagem colaborativa